miércoles, 10 de abril de 2013

Manifestação exige punição a assassinos de liderança camponesa ... LCP

Um Ato público iniciado na manhã desta terça-feira na Paróquia de Jaru reuniu mais de 300 participantes e entidades de classe e de direitos humanos para denunciar a impunidade contra crimes cometidos contra o movimento camponês em Rondônia.

Estiveram presentes na mesa de debate o Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania (Belo Horizonte) Ir. Oneide (Paróquia João Batista de Jaru), a Liga Operária, o Marreta – Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belo Horizonte-MG, o DCE – Universidade Federal de Rondônia; MEPR – Movimento Estudantil Popular Revolucionário; Movimento Feminino Popular – MFP, Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Associação Brasileira de Advogados Populares (ABRAPO), do Núcleo de Assessoria Técnica Popular Dom Antônio Possamai de Jaru.

O protesto, convocado pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – CEBRASPO (Rio de Janeiro), Comissão Nacional das Ligas Camponesas e pela Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental – LCP, após as intervenções feitas na mesa, seguiu-se pela tarde pelas ruas de Jaru.

 
Mais de 300 ativistas de diversos movimentos realizaram o protesto para lembrar um ano do assassinato de Renato Nathan Gonçalves Pereira, que à época tinha 28 de anos e deixou esposa e uma filha, hoje com 3 anos. O protesto conseguiu gerar comoção entre a comunidade jaruense ao denunciar o bárbaro assassinato que até agora não tem qualquer apuração por parte da polícia civil do Estado de Rondônia.

Segundo manifesto distribuído, “Renato era um grande lutador do povo, dedicou sua vida à luta revolucionária, junto dos camponeses, operários, estudantes e professores. Trabalhou em Corumbiara, na Escola Popular e na luta das vítimas da Batalha de Santa Elina. Em Jacinópolis, participou ativamente das lutas camponesas que transformaram uma área devastada e de pastagens num local cheio de famílias, produção, casas e comércios. Ajudou a organizar os camponeses para construção da escola, estradas e pontes e para a defesa da produção contra as perseguições do Ibama. Participou da organização de Assembleias Populares, onde os moradores decidem sobre tudo o que lhes diz respeito. Era membro da Associação de Produtores do Capivari, área onde morava”.

 
A manifestação que contou com a participação de centenas de camponeses de várias áreas da Liga dos Camponeses Pobres, também reuniu professores e estudantes da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que não só questionaram a inércia da polícia em apurar o caso, bem como uma série de denúncias em relação à ação de perseguição a camponeses, que incluem diversos crimes praticados por agentes do Estado, dentre eles a prática de tortura.

Perseguição e tortura

A Nota da Comissão Nacional das Ligas Camponesas denuncia: “Um dia após a morte de Renato, a polícia desatou uma campanha caluniosa acusando o companheiro de vários crimes, sem nenhuma prova”. “A PM de Buritis mentiu no Boletim de Ocorrência sobre o dia e a hora em que souberam do assassinato. A PM não preservou o local do crime, não chamou a perícia, não procurou cápsulas deflagradas. Um dia após o assassinato, policiais invadiram sua casa, reviraram tudo, cavaram buracos no quintal, tudo isto sem ordem judicial e sem a presença de familiares ou testemunha. O Exame Cadavérico de Renato só consta a indicação da entrada e saída dos projéteis, nenhuma palavra sobre calibres, e quantas armas correspondiam os 3 projéteis, marcas de tortura ou de tiros a queima roupa. O Inquérito Policial não tem uma linha sequer sobre suspeitos do assassinato, ao contrário, são várias páginas de acusações contra Renato – procedimento típico do período do Regime Militar”.

 
As entidades de direitos humanos e o movimento camponês denunciaram, ainda, a ações da PM sob o comando do “Tenente-Coronel PM Ênedy de Araújo, célebre por bajular e proteger os latifundiários” e que segue perseguindo “à LCP e os camponeses pobres de Rondônia”. Outra denúncia grave feita pelos manifestantes foi a de “outra vítima das barbaridades da polícia” o camponês Adimar de Souza, conhecido como Roliço, morador antigo de Jacinópolis. A polícia o acusou de participação no confronto armado do dia 5 de abril, onde 6 pessoas morreram, entre eles um policial e um agente penitenciário de Ouro Preto D’Oeste. No dia 23 de abril de 2012, Adimar foi preso em Rolim de Moura e em seguida, transferido. Estranhamente, a polícia de Cacoal entregou Adimar aos policiais de Ouro Preto na estrada, antes de chegar na cidade. Dias depois, ele deu entrada no Pronto Socorro João Paulo II, em Porto Velho, em estado de coma, com marcas de espancamentos, asfixia e outros suplícios. Hoje, Adimar não se comunica nem se alimenta sozinho - sequelas das torturas da polícia”. Devido à grande campanha de denúncia, o delegado Cristiano Mattos e dois detetives de Ouro Preto D’Oeste, foram afastados pelo Ministério Público por serem os prováveis autores das torturas e pelo deplorável estado de saúde de Adimar. Mas como sempre, a apuração não foi adiante e eles já reassumiram suas funções.

Estranhamente, no momento da manifestação havia um maior contingente de policiais militares fardados e do serviço reservado da PM e Polícia civil para intimidar. Uma prova concreta de quando se trata de reprimir trabalhadores o suposto Estado Democrático de Direito não funciona, a polícia realiza todo tipo de abuso de poder semelhante com o que ocorreu no período de ditadura militar. O que há na verdade é uma mesma ditadura contra o povo, disfarçada de democracia.

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