Copa do Mundo de 2014 no Brasil: superlucros vs genocidio ... MEPR

Desde o anúncio do Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014, vimos se multiplicarem os mais hediondos crimes cometidos contra nosso povo e soberania nacional. A gerência oportunista de PT/PCdoB não tem poupado esforços para viabilizar os superlucros das empresas e instituições envolvidas na realização do evento, representantes do imperialismo e da grande burguesia, agraciando-os com infindáveis benesses acesso ilimitado a recursos públicos. O que já seria um deboche infame contra nosso povo, com a construção de estádios modernos enquanto os hospitais e escolas públicas caem aos pedaços, é de fato um genocídio na medida em que para realizar as "grandes obras" se fazem remoções em massa e submete-se milhares de pessoas a perderem o pouco que conseguiram construir com muita luta. Superlucros e repressão, aliás, não podem existir separadamente um do outro.
A sede de lucros de empreiteiras tais como OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Delta Engenharia e demais, principais financiadoras das campanhas eleitorais de todos os partidos, tem sido saciada com a cessão de obras superfaturadas dos estádios, em processos de licitação notadamente corruptos, e com a capitalização dessas empresas através de recursos públicos, via empréstimos de bancos estatais ou liberação pura e simples de verbas. A busca do lucro máximo, inerente a esses monopólios, explica toda a violação de direitos dos trabalhadores nos canteiros de obras, com alimentação de péssima qualidade, alojamentos e instalações inadequadas, negligência das regras e procedimentos de segurança do trabalho, achatamento salarial, endividamento dos trabalhadores e negação de fato do seu direito de greve. Claro que o oportunismo, através do governo federal e seus aparatos repressivos, como Força Nacional de Segurança, e também através dos sindicatos amarelos e corruptos, é peça chave nessa engrenagem.

A realização do mundial de futebol também tem intensificado de maneira brutal as políticas sistemáticas de criminalização da pobreza e assassinato de trabalhadores e trabalhadoras por todo o país. Na ausência de vagas nos presídios superlotados, as próprias favelas e bairros pobres têm sido militarizadas e transformadas em imensas prisões. A remoção de favelas e a alocação da milhares de famílias em conjuntos residenciais distantes do centro e padronizados, pagos a crédito, lembra campos de concentração. Um exemplo recente foi, no Rio de Janeiro, a remoção da Aldeia Maracanã e a opção dada pela prefeitura: abrigos para sem-teto, ou a moradia em uma antiga colônia para doentes de hanseníase a mais de 40km do local original de moradia.
De mãos dadas o fascismo de ontem e de hoje

Na verdade, para o povo a resposta é cada vez mais e mais repressão. Encomendas de novos equipamentos para "segurança", como carros blindados e bombas para dispersão de multidões é o que tem caracterizado o "espírito esportivo" do mundial. Realmente, a necessidade de ampliar e armar as tropas de choque, alardeada pelos ditos governantes, vale mais que qualquer confissão de a quem de fato servem esses mega-eventos. Mesmo os estádios, em si inúteis, desde o ponto de vista da qualidade de vida do nosso povo, e construiídos com dinheiro público, estão sendo um a um privatizados, cabendo a chamada "iniciativa privada" ficar com a parte que efetivamente lhe interessa: o lucro. Nem o nome desses estádios financiado pelo Estado guarda alguma relação com o país: a FIFA proibiu o Estádio de Brasília de se chamar Mané Garrincha, sendo imediatamente obedecida pela CBF e governo estadual. A coisa chegou a um ponto, que nem mais as aparências tentam ser mantidas!

Por falar em CBF, eis que encontramos a sua frente um antigo quadro do regime militar, José Maria Marim, deputado pela ARENA (partido da situação do período) e vice-governador de São Paulo, na chapa com Maluf. Marin, como comprovam seus próprios discursos no Congresso, participou diretamente da perseguição a numerosas pessoas, dentre elas o jornalista da TV Cultura Vladimir Herzog, a quem "denunciou" três dias antes de sua prisão, tortura e assassinato nas dependências dos aparatos repressivos de São Paulo. Esse é o tipo de gente com a qual se confabula a "esquerda" de PT e Pecedobê, os carrascos de ontem e os carrascos de hoje. E ainda há quem se surpreenda com a inoperância completa da dita Comissão da Verdade...

O fato é que estamos diante de uma das investidas mais escancaradas do imperialismo contra nosso povo, sedento de lucros como um vampiro, sobretudo no momento de aguda crise como o que vivemos atualmente. Basta olhar a situação da Grécia, sede das Olimpíadas de 2004 e hoje devastada econômicamente, e da África do Sul, onde estádios têm sido demolidos por inúteis que são, para ver que o chamado "legado da Copa" não passa de maior exploração, subjugação e repressão sobre o nosso povo!