lunes, 13 de agosto de 2012

MEPR.- Rubinho do vale, um genuíno artista popular

A luta de classes e as demais contradições inerentes ao sistema capitalista se manifestam em todos os aspectos da vida dos seres humanos. Não é diferente quando se trata da cultura e das artes, onde os verdadeiros artistas populares, os que se dedicam a representar, valorizar e descrever a vida, o folclore, as alegrias e tristezas enfrentadas pelo povo são alijados pela grande mídia em nome da reprodução de instrumentos que servem a manutenção da ideologia reacionária da burguesia. Tratam-se os últimos de materiais que se baseiam nos produtos mais danosos e nefastos do capitalismo, como por exemplo o machismo, a homofobia, a mercantilização da sexualidade - principalmente a da mulher -, o racismo e tantos outros. Diante desse cenário, uma das principais tarefas dos elementos e grupos democráticos da sociedade é incentivar o conhecimento e divulgação dos verdadeiros artistas do povo.

Por sua rica produção cultural e também por sua história, um desses artistas é Rubinho do Vale. Cantor e compositor mineiro do vale do Jequitinhonha, passou a infância na roça; filho de seu Caçula e dona Zinha, menino levado, batizado Manoel, enfrentava léguas em lombo de burro para aprender a leitura na cidade de Bom Jardim, em Minas Gerais. O ABC cantado pela mestra era repetido por ele naquelas viagens em busca do saber. Mais tarde em Rubim, terra onde residem seus familiares, continuou os estudos e concluiu o curso ginasial onde adorava fazer apresentações teatrais na escola e gostava muito do palco. Quando concluiu a oitava série em 1972 ganhou o primeiro violão. Estudou em Teófilo Otoni e depois em Belo Horizonte, até ser aprovado no vestibular da Escola de Minas de Ouro Preto para o curso de Geologia. Morou em Ouro Preto cinco anos, onde ganhou o apelido de “Rubim” e participou de festivais universitários, tendo a oportunidade de acompanhar espetáculos e de ter acesso a discos de grandes nomes de nossa música, especialmente cantadores como Elomar Figueira, Geraldo Vandré, Luiz Gonzaga, de quem já gostava, e de violeiros como Renato Andrade e Almir Sater, artistas que posteriormente o influenciariam em suas canções.

Morando na República Sinagoga, marco cultural da época em Ouro Preto, Rubinho pôde então desenvolver sua forma de tocar e seu desejo de compor. Nunca estudou música, é um autodidata, com muito esforço desenvolveu sua técnica de tocar violão e, com o tempo, seu jeito de compor. Em 1980 veio novamente para Belo Horizonte sem conhecer ninguém, mas com um grande sonho: ser um compositor brasileiro, cantar sua terra – o Vale do Jequitinhonha – falar da sua cultura, denunciar as injustiças sociais, a exploração do povo do Vale pelos que chegavam de fora pedindo votos, tirando fotos, mas sem deixar nada para o povo. Assim esse cantador foi transformando sua voz e sua música em bandeiras de luta e de esperança.

No começo de sua carreira profissional, Rubinho optou por mostrar seu canto na sua terra, para o povo do vale, esse era o público que primeiro queria conquistar, ou seja, ser reconhecido na sua região lhe daria autorização para cantar em outros “vales”. Junto com o parceiro e amigo Tadeu Martins fundou o grupo musical TERRASSOL, com o qual se apresentou em várias cidades de Minas e iniciou sua turnê pelo vale do Jequitinhonha que continua até hoje. E assim foram muitas cidades, Minas Novas, Salinas, Almenara, Itaobim, Toiobeiras, Diamantina, Itamarandiba, Turmalina, Capelinha, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Virgem da Lapa, Salto da Divisa, Jacinto, Santo Antonio do Jacinto, Felisburgo, Joaima, Jequitinhonha, Ladainha, Serro, Araçuaí, Itinga, Berilo e muitas outras cidades do imenso Jequitinhonha. E o trovador continuou sua caminhada por outros cantos mais distantes, transitando por universidades, sindicatos, associações de bairros, feiras, cantando nos grandes teatros e também nas pequenas comunidades do interior de Minas. Literalmente, o cantador pôs o pé na estrada. Já se apresentou nas melhores casas de espetáculos de Belo Horizonte, tais como: Teatro Francisco Nunes, Imprensa Oficial, Grande Teatro do Palácio das Artes, Minas Centro, espaços culturais de Universidades, vários Centros Culturais de Belo Horizonte. E segue o cantador, cantando em parques clubes e igrejas, em muitos bairros e outros locais da capital mineira e do interior do estado. Com sua música para as crianças e adultos Rubinho vai onde o povo está, canta nas creches, nas escolas de periferia, canta para movimentos sociais e religiosos.

Mantendo-se firme ao compromisso de cantar a vida e as lutas do povo de sua terra, Rubinho do Vale não se apega nem se importa com as ofertas mirabolantes do mercado cultural burguês, produzindo e vendendo seus discos de maneira independente, o que lhe permite criar e compor da forma mais livre e democrática, seguindo seu ideal de cantar e de produzir uma arte imersa na luta, uma verdadeira arte de resistência. Suas palavras, sejam elas ditas ou cantadas, nos permitem captar a essência do artista popular. Assim diz ele: “Sou um cantador do Jequitinhonha a viajar no trem da história, levando viola, sanfona, tambores e dando vivas ao povo brasileiro”.

Artistas como Rubinho do Vale são ícones da cultura brasileira, tanto por que são devotados as causas, a vida e as lutas de nosso povo, como também por que são eles próprios lutadores, que se esforçam para que a arte popular tenha cada vez mais espaço e possa ser devidamente conhecida e reconhecida, principalmente por aqueles que nela estão representados: o povo pobre, os trabalhadores, os que lutam dia-a-dia por seus direitos e por sua libertação.

Trechos de Músicas:

A Função do Cantador

“A função do cantador é fazer da cantoria
Um momento de harmonia para o povo se alegrar
Vou cumprindo essa missão vou na boa companhia
Da viola, da poesia e da cantiga pra tocar.”


Tropeiro de Cantiga

“Juro, eu sou assim
Tropeiro de cantiga que mudou de vida pra ser cantador
Passarim sem asas, eu sou tudo e nada sou um sonhador.”


Trem da História

“Vamos embora gente, olha o apito do trem
Vamos seguir a historia com a canção brasileira
Para que nossa memória não se acabe em poeira.”


Agradecimentos ao site: www.rubinhodovale.com.br

Viva a cultura Popular Brasileira!

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