Ocorreu na última quinta-feira, 29 de
março, em frente à sede do Clube Militar no Rio de Janeiro, combativa
manifestação em repúdio ao golpe militar fascista de abril de 64. Tal
manifestação foi motivada pela realização, naquele local, de um evento
intitulado “1964 –A verdade”.
Na entrada e, sobretudo, na saída do
debate os gorilas tiveram que encarar a fúria dos manifestantes, que
expressaram todo o repúdio do povo brasileiro pelos crimes cometidos
pelo regime militar fascista. Mesmo com a ação truculenta da Tropa de
Choque da PM, que atirou bombas de efeito moral e gás de pimenta contra
manifestantes, chegando a prender uma pessoa e ferindo com arma taser
(de choque elétrico) outra, o ânimo dos ativistas presentes não
arrefeceu. Tintas e ovos foram atirados contra o prédio do Clube Militar
e contra os militares que saíam do debate. Alguns gorilas também foram
atingidos por cusparadas. Que é isso, perto do que esses carrascos
fizeram com os valentes filhos do nosso povo que caíram prisioneiros em
suas mãos!?
Como criminosos que são, o bando[i] que comemorava o golpe teve que sair escoltado pela Polícia, ou escondido pela porta dos fundos.
O significado da Manifestação:
O que mais salta aos olhos com essa
Manifestação, que repercutiu em todos os jornais do País, é que expressa
uma crescente opinião pública pela apuração e punição dos os crimes
perpetrados pelo gerenciamento militar fascista, dentre os quais os de
tortura, assassinato e desaparecimento forçado que, como crimes de
lesa-humanidade, são imprescritíveis e impassíveis de Anistia.
Em que sentido deve se orientar esse clamor? Não pode ser outro que o
da responsabilização, apuração e punição dos mandantes e executores das
atrocidades cometidas nos porões dos quartéis, delegacias e casas
clandestinas de tortura e morte.
Pretender deter esse clamor, deturpa-lo,
no sentido de reafirmar a Anistia para torturadores e uma suposta
“reconciliação nacional” –como fazem os oportunistas de PT e Pecedobê
–não pode deixar de ser uma tentativa condenada ao fracasso. Na
realidade, à medida que as manifestações rompam os pequenos círculos e
passem a revestir-se de um caráter de verdadeiro movimento de massas
–única maneira de se avançar seriamente no sentido da abertura dos
arquivos, localização dos corpos e identificação dos responsáveis
–mobilizando a juventude e polarizando a opinião pública, será
irreversível que a questão da Punição e derrubada da Anistia para torturadores assumam o centro das mobilizações.
Por que?
Porque a posição dos militares é a tal
ponto indigna, indefensável, está a tal ponto isolada, que toda
tentativa de preserva-los só pode prosperar num ambiente de “calmaria” e
articulações de bastidores. À medida que um número crescente de
pessoas, para além dos círculos de familiares, se engaje nessa luta, não
haverá Comissão da Verdade capaz de deter as poderosas rodas da
história, que ora pedem passagem.
O cínico papel de PT e Pecedobê:
Não é o momento aqui de relembrar as sucessivas e inequívocas medidas
tomadas pelo gerenciamento Lula e Dilma no sentido de manter a completa
impunidade para os fascistas que seqüestraram, torturaram e assassinaram
no período do regime militar. A manutenção do caráter sigiloso dos
arquivos, o não-andamento das buscas pela localização dos corpos –e o
controle dessas buscas mantido nas mãos dos militares –as sucessivas
declarações visando “tranqüilizar” os milicos negando qualquer
“revanchismo” da parte do governo, a criação de uma Comissão da Verdade
sem intenção e muito menos poder para punir os facínoras, são fatos
sabidos por todos e objeto de vários artigos e documentos políticos.
Sobre o Pecedobê, além de seu nefasto
papel à frente do Ministério dos Esportes e na redação do Novo Código
Florestal do latifúndio, não se pode esquecer que em outubro do ano
passado Aldo Rebelo votou, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional da Câmara, contra projeto de lei proposto por Luiza Erundina
que objetivava revisar a Lei de Anistia. Aldo Rebelo teve a companhia,
em seu posicionamento, dentre outros, do fascista declarado Jair
Bolsonaro.
Apesar disso, PT e Pecedobê estavam lá
na manifestação, tentando impedir a qualquer custo que estaa saísse dos
marcos de um esquálido ato em apoio à Comissão da Verdade e ao governo.
No final das contas, fracassaram em seu sinistro objetivo. Quando já
estava claro que o ato se encaminhava no sentido de um repúdio mais
aberto aos militares e à impunidade, a partir do momento que as
palavras-de-ordem exigindo CADEIA JÁ PARA OS FASCISTAS DO REGIME MILITAR passaram
a dar o tom da manifestação, correram, como é de praxe, a abaixar suas
bandeiras e justificar-se frente aos milicos, posicionando-se contra
qualquer “excesso”. O presidente do PT do município do Rio, Alberes
Lima, chegou a dizer que, em sua opinião, a manifestação "não leva a lugar algum".
Na verdade, seu podre discurso de
“reconciliação nacional” engana e enganará cada vez menos pessoas daqui
em diante. Não houve reconciliação alguma! Houve sim, traição por parte
dos dirigentes renegados daqueles partidos, que traficaram com a memória
dos bravos revolucionários que se alçaram em armas para lutar contra a
contrarrevolução no poder e por uma nova sociedade. A tal
“reconciliação” foi um projeto de anistia aprovado de cima para baixo,
tão limitado que contou com a oposição, à época, até
mesmo da moderada oposição do MDB e de entidades como a Ordem dos
Advogados do Brasil e Associação Brasileira de Imprensa. Essa é a
verdade histórica, o que corresponde aos fatos.
É necessário seguir o exemplo de nossos
vizinhos latino-americanos e enviar para a prisão os que torturaram,
seqüestraram, assassinaram e ocultaram corpos. Na Argentina e Uruguai,
notadamente, também o gerenciamento militar aprovou leis de
auto-anistia, no apagar das luzes, leis essas que foram revogadas devido
à forte intervenção do movimento popular. Esse é o caminho para o nosso
país. E, claro, sem esquecer que esses crimes seguem sendo praticados
ainda hoje, todos os dias, pelo velho Estado brasileiro, nos grotões de
miséria de nosso imenso país.
CADEIA JÁ PARA OS FASCISTAS DO REGIME MILITAR!
NÃO PASSARÃO, OS CRIMES HEDIONDOS DO REGIME MILITAR!
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