A ABRAPO e a IAPL, organizações de
advogados comprometidas com a defesa dos direitos do povo, dentro e fora
dos tribunais, nacional e internacionalmente, condenam os recentes
assassinatos de camponeses pobres em várias regiões do país.
Em Minas Gerais, no Triângulo
Mineiro, três membros da Coordenação Estadual do MLST (Movimento de
Libertação dos Sem-Terra), Valdir Dias Ferreira, 40 anos, e o casal
Milton Santos Nunes, de 52 anos, e Clestina Leonor Sales Nunes, 48 anos,
foram executados com tiros na cabeça na tarde do último dia 24 de
março, na frente de uma criança de 5 anos, numa rodovia estadual.
Em Pernambuco, um dia antes,
Antonio Tiningo, 37 anos, foi assassinado em uma emboscada, no município
de Jataúba. Ele era coordenador do acampamento da fazenda Ramada, e
ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na semana
anterior, o proprietário da fazenda, Brecha Maia, havia declarado que
faria o despejo das famílias por bem ou por mal, e que não passaria de
sexta-feira, dia em que Tiningo foi assassinado. As ameaças de Brecha
Maia já eram antigas, e Tiningo havia inclusive registrado queixa por
ameaça.
Em Rondônia, em Machadinho do
Oeste, Gilberto Tiago Brandão foi assassinado no dia 23 de fevereiro, e
outro coordenador do Acampamento Canaã II. Tratam-se de conflitos com a
fazenda Paredão, reivindicada pelo Vice-Prefeito de Vale do Anari.
Prisões de camponeses seguem
ocorrendo. No dia 23 de fevereiro, Tiago, 34 anos, membro da Liga dos
Camponeses Pobres (LCP), foi preso na Fazenda Santa Elina, município de
Corumbiara. Desde então, Tiago segue preso na cidade de Cerejeiras.
Alguns dias antes, uma caminhonete havia fechado a passagem de Tiago
numa estrada, provocando-lhe um acidente de moto, o que evidencia uma
tentativa de assassinato.
Tudo isso acontece quando o governo Dilma faz
acordos indecorosos com a bancada ruralista no Congresso Nacional,
atendendo a todas as suas reivindicações na aprovação do Código
Florestal. Isso, porém, é só uma parte da história. Nos últimos anos não
se registraram quase nenhuma desapropriação, muito menos vistorias de
terras pelo INCRA. A burocracia da “reforma agrária” segue estacionada
enquanto a ação assassina dos latifundiários corre livre e autorizada
pelo Governo Federal, assim como esse próprio governo, aliado à
“justiça” do latifúndio, comanda desocupações forçadas violentas e
prisões de camponeses.
Externamos a nossa solidariedade aos familiares
dos trabalhadores covardemente assassinados e exigimos punição imediata
aos seus executores e mandantes.
Abaixo a criminalização da luta pela terra!
Basta de assassinatos de camponeses!
Exigimos punição imediata para mandantes e executores
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ADVOGADOS DO POVO
ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS ADVOGADOS DO POVO
No hay comentarios:
Publicar un comentario