
O salão da matriz
da Igreja católica estava todo decorado com bandeiras de movimentos
populares democráticos, arranjos de flores, bandeiras com o rosto de
Renato e um grande painel com uma foto dele. O ato foi aberto com o
canto do hino da Revolução Agrária “Conquistar a terra”. Depois foram
apresentados vídeo, texto, poesia e músicas lembrando e homenageando a
vida e luta de Renato.
Os representantes
das entidades presentes se pronunciaram. Em seguida, a viúva do Renato,
seu pai e seu irmão receberam uma singela homenagem: flores e quadros
do companheiro, ornados com uma fita vermelha. Esta foi uma das partes
mais emocionantes de todo o ato.
Em seguida, os
participantes realizaram uma vigorosa manifestação pelas ruas de Jaru.
Organizados em 4 filas, empunhando faixas, bandeiras e o grande painel
com a foto do Renato, gritando palavras de ordem e distribuindo
panfletos divulgavam a verdade sobre a vida, luta e morte do
companheiro. Os trabalhadores dos comércios, obras e escritórios
paravam o trabalho para ver e ouvir a passeata com atenção. Nenhum
panfleto ficou no chão. Ex-alunas do professor Renato fizeram questão
de carregar faixa e bandeiras com o rosto dele.
Tudo foi muito
bonito e organizado. Várias pessoas passaram a noite anterior viajando,
outras ficaram acordadas trabalhando nos últimos preparativos. Era
bonito ver a disposição dos companheiros, sem nenhuma reclamação,
revelando uma consciência elevada sobre a importância da homenagem. Os
participantes se dividiram para realizar as taredas de cozinha,
segurança, limpeza, organização, decoração e atividades culturais.
O clima entre
todos era de muita revolta, tristeza, união, companheirismo, admiração
pelo exemplo de Renato, vontade de servir ao povo e consciência da
necessidade de continuar sua luta.
A verdade sobre a vida e luta de Renato e seu covarde assassinato

O ato cumpriu o
objetivo de desmoralizar a polícia, verdadeiros bandidos. A verdade é
que a polícia de Ouro Preto assassinou o companheiro Renato sob o manto
de proteção do comando do major Ênedy. Desde que este assumiu a PM de
Ariquemes oficializou-se uma campanha orquestrada entre latifundiários,
aparato repressivo do Estado, judiciário, pistoleiros, bandidos e
oportunistas para assassinar os camponeses que resistem em lutas cada
vez mais massivas pela terra.
Após o covarde
assassinato de Renato a polícia afirmou que a LCP é responsável por 80%
dos assassinatos em Buritis, que a LCP estava vinculada com roubo de
madeira e gado, violência e humilhação contra trabalhadores em tomadas
de terra. Sem prova alguma, a polícia disse que Renato não era
professor e sim pistoleiro e traficante de armas. Mentiras desprezíveis
para confundir a população.
O ato resgatou
quem realmente foi Renato: por onde quer que tenha passado deixou uma
infinidade de amigos pelo seu jeito simples de tratar as pessoas, por
sua enorme dedicação ao trabalho, senso de justiça e solidariedade.
Também era contagiante sua firmeza, coragem e sua fé inabalável na luta
combativa e organizada do povo. Renato tinha 28 anos, era casado e pai
de uma filha de 2 anos. Ele não se contentava em ter seu pedaço de
terra e cuidar de sua vida, lutava para que todos camponeses pobres
conquistassem este direito e lutava para deixar um mundo melhor para
sua filha e as futuras gerações.
O ato resgatou
quem é a LCP. O latifúndio e o velho Estado têm tanto ódio do movimento
camponês combativo porque têm medo que a grande massa de camponeses
pobres sem terra ou com pouca terra se organizem, saibam que a luta
pela terra é justa, é sagrada e que este direito só será conquistado
com luta.
Seguir e ampliar a luta pela punição dos assassinos de Renato
A Abrapo –
Associação Brasileira de Advogados do Povo fez uma Carta
responsabilizando o governador Confúcio Moura (PMDB) e a presidente
Dilma (PT) pelo assassinato covarde de Renato e outros camponeses em
luta pela terra. A Carta já conta com quase 200 assinaturas de
movimentos e entidades populares democráticas e de Direitos Humanos,
advogados, médicos, intelectuais, professores e estudantes,
profissionais liberais e outros trabalhadores do Brasil e de vários
países. É importante seguir e ampliar esta campanha. É importante unir
todos movimentos populares democráticos para defender a luta camponesa
combativa, enfrentar e impedir reintegrações de posse de áreas onde
camponeses vivem com dignidade, produzem e dão um destino social à
terra. É importante seguir a luta e o sonho do companheiro Renato.
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental
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