“Se tiver demolição, vai ter Rebelião!”
Ocorreu na tarde desta terça-feira, 15, combativa manifestação de solidariedade dos estudantes da UERJ aos povos indígenas em luta na Aldeia Maracanã. O ato, convocado e organizado pelo MEPR, contou com a participação de mais de 100 pessoas, entre estudantes, professores e apoiadores da luta em geral. Após intensa agitação na entrada da universidade, contando inclusive com a participação de representantes dos povos indígenas, que além de intervenções apresentaram músicas tradicionais de sua cultura, a manifestação ganhou as ruas, terminando no interior mesmo da Aldeia.
Para quem não sabe exatamente o que se trata, o prédio ocupado pelos povos indígenas (cerca de 150 pessoas de diversas etnias) localiza-se exatamente ao lado do estádio do Maracanã, e sediou o antigo Museu do Índio, desativado nos anos de 1950. Trata-se de um prédio histórico da cidade do Rio de Janeiro, datando sua construção do ano de 1862. Esse tradicional centro de preservação/difusão da cultura indígena passou longos anos abandonados, sendo reocupado pelos seus legítimos donos em 2006 –quando foi então rebatizado Aldeia Maracanã. Pois agora, usando o argumento da Copa do Mundo, o governo fascista de Sérgio Cabral pretende demoli-lo para, em seu lugar, construir um estacionamento anexo ao Maracanã. Esse é o cenário da resistência protagonizada pelos povos indígenas ali residentes.
A palavra de ordem é Resistir!
No último sábado, dia 12/01, às 06:00 hs a Tropa de Choque da Polícia Militar cercou o local, posicionando-se em frente ao portão principal da Aldeia, ameaçando invadir o local para realizar o despejo. Tratores chegaram a ser posicionados no entorno. Entretanto, longe de intimidar os povos indígenas ali presentes, essa provocação só reforçou a disposição de luta. Indígenas se posicionaram nos pontos altos do casarão, munidos de arcos e flechas, enquanto outros se postavam do lado de dentro da entrada. Ao mesmo tempo, ocorreu algo que não se via há anos em nossa cidade: à medida que a notícia do cerco corria, centenas e centenas de ativistas se dirigiam à Aldeia, pulando o muro para ingressar e se somar à luta. Em nenhum momento a desocupação foi sequer cogitada.
Diante desse fato, o governo do Estado foi obrigado a recuar, retirando vergonhosamente a Tropa de Choque por volta das 19:00 hs, ou seja, após mais de treze horas de cerco. Descobriu-se, ademais, que a polícia fora posicionada sem que houvesse sequer uma ordem de reintegração de posse, pois a batalha prossegue na justiça. Ou seja: além da infâmia inerente ao processo em si, havia ainda completa ilegalidade na ação de Sérgio Cabral e sua quadrilha, contando com a conivência e apoio irrestritos por parte do prefeito Eduardo Paes e do governo federal de Dilma Roussef.
Como se viu, com a mobilização e comoção geradas na cidade, e ainda com a ampla repercussão internacional, o tiro saiu pela culatra.
Derrubar os muros da universidade, servir ao povo no campo e na cidade!
Nós do MEPR entendemos que a juventude e a universidade não podem se manter indiferentes diante desse processo. Indiferença, nesse caso, seria simplesmente conivência. Além dessa questão de princípio, de que o papel por excelência da juventude é o de servir ao povo, também está claro para todos que o inimigo é o mesmo: o governo fascista de Sérgio Cabral, ao lado de Paes e Dilma, foi também o que deu ordem para a Tropa de Choque invadir a UERJ, durante a greve, no último mês de agosto, para reprimir os estudantes, fato que não ocorria desde o regime militar; é o mesmo, também, que reprimiu brutalmente as manifestações contra o aumento das passagens, inclusive com choques elétricos em estudantes.
Nesse sentido, a manifestação foi importante para reafirmar o princípio da legitimidade da Resistência, de que Rebelar-se é Justo! Os estudantes pararam em frente à obra do Maracanã, prestando solidariedade aos trabalhadores, já que dois operários foram demitidos por terem ido, na hora de seu almoço, confraternizar com os índios na Aldeia. Enquanto a manifestação se posicionava, vários operários saíram de seu trabalho para ver a juventude entoar “Oh operário, pode parar, que o estudante vai te apoiar”!. Finalmente, a chegada a Aldeia, para a confraternização com os povos indígenas, foi um momento marcante, com todos de punhos erguidos cantando: “Se tiver demolição, vai ter Rebelião”!
A mobilização deve continuar. Entendemos que o apoio à luta não pode ficar na retórica, nos discursos em assembléias, mas deve ser concreto. Entendemos também que a via jurídica, parlamentar e outras podem ser no máximo acessórias, mas o que decidirá a permanência da Aldeia Maracanã ou não será a disposição de resistência e a combatividade dos povos indígenas e seus apoiadores.
Não à demolição da Aldeia Maracanã!
Rebelar-se é Justo!
Sérgio Cabral fascista, inimigo do povo!
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