jueves, 4 de octubre de 2012

MEPR.- A Farsa de R$ 1 bi

Uma farsa de 1 bilhão de reais:
 
“Mas se gritar pega ladrão, não sobre um meu irmão” 
(Bezerra da Silva)
 
Essa semana foram publicizados, pelo TSE, novos dados a respeito dos gastos dos candidatos a prefeito e vereador em todo o País. Refere-se aos gastos declarados compreendidos no período de 06 de julho a 06 de setembro. Mesmo os gastos declarados (frisamos essa palavra por motivos óbvios) são incríveis: já foram torrados na farsa eleitoral, em apenas dois meses de campanha nas ruas, R$ 975 milhões, significando um aumento de 33% em relação aos gastos praticados nas últimas eleições municipais, em 2008. Especialistas apontam que, até o fim do segundo turno, os gastos devem atingir os R$ 3 bilhões
As campanhas mais caras são, evidentemente, de PT e PMDB. Por motivos óbvios: sendo ambos partidos o núcleo da administração federal há uma década –no caso do PMDB, desde sempre, concentrado no Congresso e Ministérios, vendendo no varejo o seu apoio a esse ou aquele gerente de turno –controlam as maiores fatias do fundo partidário, têm nas mãos os melhores negócios a propor às empreiteiras e grupos de poder do país, detém o grosso das emendas parlamentares e por aí afora2. Sabe-se que no Brasil o que garante eleição é, via de regra, a máquina que se consegue montar.

Há um dado que concretiza essa afirmação: o índice de reeleição. Nas últimas eleições municipais, de 2008, dos 3357 dos prefeitos que concorreram à reeleição, 66,8% foram eleitos logo no primeiro turno. Pode-se interpretar isso como uma satisfação generalizada da população com suas condições de vida? É evidente que os grupos instalados no Estado, em todos os níveis, dispõem do famoso “poder da caneta”, sobretudo da disposição dos recursos referentes à licitações em geral. Conseqüentemente já partem na frente dos seus adversários na montagem dos esquemas eleitorais e na “doação” de amigos. Logo, obtém maior êxito eleitoral. É claro como o dia.
A campanha mais cara do Brasil:

Interessante observar qual a campanha mais cara do Brasil: é a de Fernando Haddad (PT) para a prefeitura de São Paulo. O candidato de Lula e Dilma já declarou gastos de R$ 16, 5 milhões. Incrível é que, na disputa com o PSDB, o padrinho de Haddad faz questão de ressaltar o caráter “popular” da candidatura, que irá governar “para os mais pobres”, etc, etc. Será possível fazer tal façanha de governar “para os pobres” financiado pelos mais ricos? Estaremos diante de um caso de filantropia em massa? Seria realmente muita ingenuidade...José Serra, mesmo gastando menos que Haddad, declarou gastos de R$ 8,4 milhões, mais do que a imensa maioria dos candidatos no restante do país.

Haddad, aliás, ex-ministro da Educação deve contar em sua lista de financiadores, certamente, com muitos empresários ligados de um modo ou outro a educação privada, que tanto lhe devem favores tais como PROUNI e PRONATEC. Sabe-se que entre todos os ministérios, aliás, o que mais gastou em publicidade durante o governo Lula foi justamente o da Educação. Será coincidência?
Empreiteiras lideram ranking de “doação”
 Segundo o mesmo levantamento do TSE citado acima, das 12 maiores “doadoras” privadas para as eleições deste ano, 10 são empreiteiras. Aqui uma observação: a palavra “doação”, utilizada pelos monopólios de imprensa, não é um mero detalhe. Trata-se de flagrante desinformação da opinião pública, termo sofrível mesmo, já que doação pressupõe uma entrega sobre a qual não se espera retorno, ao menos material. E o dinheiro dispendido por mega-empresários, evidentemente, nada tem de desinteressado. Enfim, como dizíamos, a maior doadora de campanha é a empreiteira Andrade Gutierrez (declarando R$ 23 milhões), seguida da OAS (R$ 21 milhões). A principal fonte de receitas de ambas empresas vem justamente de contratos com o Estado. A primeira, por exemplo, está presente nas obras de reforma dos aeroportos e construção de inúmeras hidrelétricas, e a segunda detém uma série de contratos ligados a obras do PAC, particularmente no Rio de Janeiro. O banco BMG, um dos pivôs do esquema do mensalão, integra a lista de financiadores em quinto lugar, tendo doado pouco mais de R$ 7 milhões.

A coisa é tão escancarada que o juiz eleitoral Marlon Reis, do Maranhão, chegou a declarar: “A lógica da doação é dos grandes grupos econômicos que têm interesse imediato no resultado do pleito...é um quadro de mercantilismo”.
Boicotar as eleições!
 
É claro para todos que essas eleições nada mais são que um jogo de cartas marcadas, visando legitimar o status quo de uma ordem social que mantém na miséria a maior parte da população de nosso País (claro que nosso critério de miséria não é o mesmo do governo federal, para o qual quem tem uma renda a partir de R$ 71, 00 mensais [isso mesmo: setenta e um reais] não pode ser considerado miserável); visando dar um verniz “democrático” a esse velho Estado semifeudal, burocrático-latifundiário, serviçal do imperialismo, que mata mais e encarcera mais do que o próprio regime militar nos seus momentos de maior terror. Não é só o dinheiro que rega as eleições, é também o sangue do povo trabalhador, seja através do desvio de recursos para montar caixa-2, seja através da política de extermínio sistemático como instrumento de controle social.

Há um Brasil que não aparece no horário eleitoral: é o Brasil no qual, segundo o Censo do IBGE referente a 2010, metade da população recebe até R$ 375,00, ou seja, metade do salário mínimo de fome vigente; um Brasil onde os 10% mais ricos detém 44,5% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres percebem apenas 1,1% da mesma; um Brasil onde, em pleno século XXI, apenas 43,5% das famílias têm acesso a saneamento básico. Isso, evidentemente, não aparece e, diga-se de passagem, também na campanha dos chamados partidos de “esquerda” (como PSOL e PSTU) concentrados em se apresentar como paladinos da “ética na política”, no caso do primeiro, e defensores de “uma cidade para os trabalhadores”, no caso dos segundos, como se fosse possível faze-lo sob essa velha ordem. Completando a demagogia e estupidez nos argumentos, a demagogia na prática: em Belém do Pará concorrem, juntinhos, ambos partidos com nada mais nada menos que o PC do B (isso mesmo, o PC do B da UNE, de Orlando Silva e Aldo Rebelo, e outros...). Será que no Pará o PC do B é “socialista” e “revolucionário”? Devemos conclamar a população a rechaçar esse processo, ao povo interessa participar e decidir sobre suas vidas todos os dias, não de 2 em 2 anos, o que é evidentemente impossível sob essa velha ordem. Ao povo interessa o caminho da luta radical em defesa dos seus interesses pisoteados, e a participação no maior dos seus direitos, que é o direito à revolução, isto é, o direito a derrubar essa velha ordem reacionária e construir sobre seus escombros uma nova democracia, sem latifúndio, sem grande burguesia e sem imperialismo, baseada numa nova economia, nova política e nova cultura. Fora disso, restam apenas ilusões.

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