lunes, 10 de febrero de 2014

JORNADAS DE 2014 COMEÇAM PRA VALER NO RIO .. MEPR

Desde outubro, quando a direção traidora do sindicato estadual dos profissionais da educação pôs fim à histórica greve da categoria, assinando espúrio acordo com o STF, não tem cessado as mobilizações no Rio de Janeiro. Nesse período houve a remoção e a resistência da Aldeia Maracanã, rebelião popular contra a remoção da comunidade Metrô-Mangueira, levante dos camelôs colocando a Guarda Municipal pra correr, e sucessivos pulões de roleta na Central do Brasil, contra a precariedade do transporte público e o aumento das passagens.

Contudo, podemos dizer sem medo de errar que as jornadas de 2014, que tem ainda no seu calendário o “Não vai ter Copa” e o repúdio à farsa eleitoral, começaram pra valer no ato de ontem, 06/02. Tivemos, de um lado, massiva participação, sobretudo da juventude, contando com amplo apoio popular; de outro, a repressão brutal da PM, resultando em vários feridos –inclusive um cinegrafista da Band, que se encontra em estado grave. Aprendemos em 2013 que essa combinação funciona como um detonador da revolta popular, que seguirá indomável seu curso.

“Não vai ter Copa –e nem aumento!”

Essa palavra-de-ordem foi entoada a plenos pulmões ao longo de todo o ato. Desde a concentração, na praça da Candelária, aliás, estava claro quem de fato estava disposto a dar prosseguimento às jornadas iniciadas em 2013 e aqueles que sonham em voltar a uma situação em que os protestos mais pareciam carnavais, regados a marchinhas e palavras-de-ordem despolitizadas. Enquanto o bloco da Frente Independente Popular (FIP) entoava consignas contra a Copa e a repressão policial, os oportunistas eleitoreiros se esforçavam por descaracterizar esse aspecto da luta, defensores como são da ilusão de que a Copa pode ser, de um modo ou de outro, um evento popular. O bloco combativo, chegando na Central, logo foi para as catracas da Supervia, iniciando mais um pulão de roletas, novamente, sem a participação da “esquerda” medrosa.

A partir desse momento a Tropa de Choque interviu, com a covardia habitual, lançando bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo sobre a população, levando várias pessoas a passarem mal. A juventude combatente, entretanto, não se intimidou e enfrentou a repressão como pôde, inclusive improvisando escudos e catando pedras no chão. Indignados com a brutalidade policial, e provavelmente com desmandos diários acumulados ao longo de anos, vários trabalhadores somaram-se ao protesto no seu curso mesmo, auxiliando os jovens com abrigo, apontando o trajeto a seguir, e inclusive participando no levantamento de barricadas. Vários ônibus foram quebrados, assim como roletas do trem, e horas após o protesto trabalhadores ainda andavam de graça na Supervia. A Central do Brasil virou uma praça de guerra –e o povo não combateu mal.

No meio disso se deu o ferimento grave, na cabeça, do cinegrafista da Band, Santiago Andrade. Vários manifestantes e jornalistas presentes já se pronunciaram dizendo que o artefato que o atingiu foi lançado por PM’s, inclusive um jornalista da Globo, Bernardo Menezes. A bomba é muito semelhante a outra lançada dentro da Central do Brasil, ainda no princípio do confronto. No RJTV (Globo), entretanto, com base em fotos a emissora acusou ou manifestantes, e invalidou o depoimento de seu próprio repórter, dizendo que ele "mudou de idéia". No mínimo essa gente subestima a inteligência das pessoas! Aliás, deve-se dizer que, embora seja o caso mais grave, Santiago não foi o único ferido no protesto de ontem. Dentro da própria estação vários trabalhadores passaram mal com o gás lançado pela Polícia, contrariando todas as recomendações técnicas de que em hipótese alguma se deve usar esse artefato em locais fechados.

Dilma mente ao dizer que governo brasileiro não reprime protestos

Recentemente, no Fórum Econômico Mundial, Dilma disse, mais uma vez, que o governo brasileiro não reprimiu os protestos. Mentira! O número de feridos eleva-se, certamente, às dezenas de milhares desde junho, e o de mortos e/ou atingidos por armas de fogo sobe a cada semana. Inclusive representantes dos monopólios de comunicação, que se esforçam por criminalizar a juventude combatente e justificar a repressão, foram atingidos aos montes, alguns gravemente. A diferença é que quando se trata de um jovem, espancado numa viela, ou atingido por “bala perdida”, é tratado como se simplesmente não existisse, na combinação entre contrapropaganda e repressão selvagem que tão bem caracteriza o fascismo. Ontem, aliás, ocorreu fato novo até aqui: o Exército espancou e deteve manifestantes, levando-os para as dependências do Comando Militar do Leste. Há 50 anos do golpe militar, parece bastante sintomático da “democracia” em que vivemos...

Não importa: a luta prosseguirá, não só contra o aumento mas em defesa do próprio direito de manifestação. Daqui pra frente, nada será como antes!

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