Em tempos de vigorosa luta popular, de contínuos embates entre as forças da reação e os democratas e revolucionários, de revolta e rebelião, tempos como os vivenciados em 2013 pela juventude combatente em todo o Brasil, surgia o Grupo Agreste. Imersos na efervescência da música regional, um dos marcos culturais da década de 1970, uma turma de jovens rapazes, oriundos de vários cantos do norte mineiro e reunidos em Montes Claros (MG), fundava esse grupo que se tornaria uma genuína expressão da cultura popular brasileira.
O Grupo Agreste era formado por sete músicos, entre os quais, jornalistas, sociólogos, poetas e artista plástico. Pedro Boi era o vocalista da banda que também, ao lado de Gutia, tocava violão; Zé Chorró, era o baixista; a harmoniosa flauta transversal ficava a cargo de Sérgio Damasceno (o Carinha); Tom Andrade era outro que soltava a voz e debulhava o violão; e a percussão era tarefa de Manoelito, Toninho e Ildeu Braúna.Lançaram seu primeiro disco em 1980 e foram catapultados para o cenário nacional com as músicas Zumbi eJaíba.Suas canções desenham a alma do povo norte-mineiro e nos apresentam a figura do “catrumanogeraiseiro”, figura do sertanejo do norte de Minas, que mesmo com todo o sofrimento e opressão, trabalha para a sua sobrevivência e apesar de todas as dificuldades nunca perde a esperança de uma vida melhor. As canções também tratam das alegrias e tristezas, dos amores, dos pensamentos, da sabedoria popular e da luta de todos os dias, luta de todos os povos, pela terra, pela vida e pela liberdade. Destaque para a cançãoCachoeirinha, que fala da disposição dos camponeses da região que tem o mesmo nome da música em resistir e defender as suas terras.
Apesar do curto tempo de existência (de meados de 1970 aos finais de 1980) o Agreste, como ficou conhecido, marcou importante presença. O crítico e estudioso Ângelo Assis afirmou certa vez que o grupo chamava a atenção “notadamente por fazer um trabalho, já aquela época, diferente do que costumava aparecer nas chamadas ‘paradas de sucesso’, sempre tão ao gosto das grandes gravadoras”.
Trilhando o mesmo caminho que foi trilhado pelo Grupo Agreste, milhares de representantes da verdadeira cultura popular seguem combatendo as apodrecidas imposições culturais das classes dominantes e do imperialismo e é tarefa da juventude conhecer e propagandear a legítima arte produzida pelo povo. Que nossas batalhas avancem e se transformem em vigorosos impulsos para lutarmos por uma nova política, uma nova economia e uma nova cultura!
Trechos de músicas:
Cachoeirinha:
O povo de lá não quer guerra ai, ai
Só quer salvar sua gleba
Seu pedacinho de terra
E o que o povo pensa ai, ai
É o mesmo que disse compadre Porfírio
Se for prá morrer de fome
Eu prefiro morrer de tiro
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